domingo, 31 de agosto de 2014

Conversa


  E aqui estamos outra vez. Eu e você, tentando chegar à um acordo razoável.    Conversar pelo menos. Sei o que você tá pensando : tá , fala logo o que você quer dizer, aí todo mundo fica feliz, e eu volto pro que eu preciso fazer.
  Mas não é bem por aí. Não vou ficar feliz só por dizer. Se você continuar igual uma estátua, mais uma vez, isso aqui não vai passar de um desabafo, uma sessão torta de terapia, ou qualquer coisa do gênero.
  Quero que você me escute, de fato! 
  Pelo menos considere as coisas que venho falando há tanto tempo.

  Como nunca falei sobre ISSO? Hellooo!!! Falo todos os dias! Pra não dizer o tempo todo.
“ Presta atenção, cuidado com quem você deixa te conhecer. Não é porque sorriu, e voltou uma ou duas vezes que essa pessoa quer estar aí. Você não sabe! Mal a conhece!”
 Só que você é teimoso pra caramba! Ao mesmo tempo que diz estar me escutando, vai formulando argumentos que derrubam os meus.
  Se agarra à detalhes, às mínimas coisas. Tudo porque de alguma forma que você nunca consegue explicar, se sente bem quando essa pessoa está aí. Como se o lugar que falta alguém, fosse justamente dela.
  Aí eu consigo muitas vezes, te passar listas bem razoáveis, sobre o porque você não deve dar moral pras suas impressões. E a maioria dos motivos são bons. Tem até semelhança com experiências passadas –ruins, vale ressaltar-  pra enfatizar o cuidado que você precisa ter.
  Aí você faz que me escuta, e fica repetindo tudo o que eu disse.
 Fico sossegado por um tempo.
 Mas meu sossego não dura nada:  basta um sorriso, uma fala boba qualquer, e lá ta você de novo, abrindo a porta, só faltando convidar pra jantar, ou sei lá!
  O que você não percebe, é que nessa brincadeira que você pensa estar no controle, você não está. 
   E na verdade, não sei quem está, porque eu aviso tanto...
  Aí, quando eu menos espero, tá lá outra vez: você deixou um estranho vir pra ficar. Num lugar que definitivamente não é pra qualquer um, embora seja de alguém.
  
 Tá eu sei, você só vai saber se arriscar. Mas cuidado! Os riscos são muito altos quando acontece tudo assim. 
  Você já viu esse filme: começa com sorrisos, olhares, e eu e você brigando pra manter tudo nesse nível. Até você se convencer de que : não precisa ter motivo, ( q absurdo!) , e vir com seu slogan de q pra mim tudo  é sentimento, como desculpa pra me ignorar.

  Eu sei que sou o mais fraco de toda essa situação. Sempre. De fato, pra você tudo é sentimento, e você tem o poder de irradiar isso pra todo lado, de forma que até meus argumentos se enfraquecem, e eu acabe deixando tudo como está.
  Afinal, apesar de estar bravo nesse exato momento, você sabe: não gosto de discussões. E precisamos manter um relacionamento saudável pras coisas caminharem.
  
 Enfim, você já sabe o que eu penso, eu sei exatamente o que você tá pensando também: que tudo que eu disse é válido, mas que tá na hora de arriscar.
  Nisso eu concordo. Só entenda por favor, esse meu medo. Essa vontade de te preservar pelo menos um pouco. Eu errei algumas vezes sim, mas já acertei também.
  
 Meu Deus, como é difícil falar com você! 
 Por que será que  esse “ tá” com esse sorrisinho não me convenceu?

 Sim, eu sei porque. Embora trabalhemos juntos a maior parte do tempo, você é sempre o mais obstinado de nós dois.
  Posso ter forçar pra muita coisa, mas raramente pra decisões. Espero que você esteja certo, pelo menos dessa vez.

   - tentativa e trecho de conversa entre cérebro e o coração, considerando que em alguns assuntos, eles são mesmo, extremamente opostos.