Eu estava perplexa enquanto olhava aquele castelo.
Definitivamente, não era um dos mais bonitos, ou maiores que já construí. Nem mesmo o que dediquei mais tempo. Mas ele insistia em permanecer ali, firme contra todas as circunstâncias.
Definitivamente, não era um dos mais bonitos, ou maiores que já construí. Nem mesmo o que dediquei mais tempo. Mas ele insistia em permanecer ali, firme contra todas as circunstâncias.
O máximo
que eu conseguia produzir com minhas marretadas de raiva, eram lascas.
Fiquei observando, e tentando me lembrar de
alguma coisa, qualquer coisa que justificasse toda aquela resistência.
Relembrei os passos
de sua construção: nada de extraordinário; mantive basicamente os mesmos passos
dos demais castelos. Se alguma coisa era diferente nesse, era simplesmente o
fato de tê-lo construído mais rápido, e de forma mais simples que os
anteriores.
Eu tinha absoluta
certeza que ISSO, tornaria sua demolição mais fácil.
Não me entenda mal: não é que eu planejei construí-lo para depois derrubá-lo, como fazemos com castelos de cartas, ou fileiras de dominós. Eu apenas considerei a possibilidade, já que até hoje, esse é o destino de todos os que construí.
Não me entenda mal: não é que eu planejei construí-lo para depois derrubá-lo, como fazemos com castelos de cartas, ou fileiras de dominós. Eu apenas considerei a possibilidade, já que até hoje, esse é o destino de todos os que construí.
Se for pensar bem,
comecei como uma distração. Era pra ser "divertido", então evitei desgastes em
todos os níveis, inclusive o desgaste com a escolha dos materiais utilizados, e
dos cálculos. Queria termina-lo rápido.
Possuía algumas pedrinhas, que guardei com cuidado e sem nada em mente. Apenas porque gostei delas, porque quando as recebi, me agradaram.
Mas com o tempo, (
e nem demorou muito), recebi em quantidade suficiente para tentar construir mais
uma vez, e resolvi tentar.
O máximo que poderia
acontecer era desconstruí-lo depois. E francamente, nisso eu parecia estar
craque!
Mas desconsiderei
uma questão muito básica enquanto gastava minhas horas transformando aquelas
pedrinhas em castelo: mudei a forma e o tempo de construir, até mesmo a intenção, mas não mudei a qualidade do material.
Aquelas pedrinhas, feitas de
fatos, frases soltas e frases implícitas, além de olhares e sorrisos , misturadas com a areia da
minha imaginação, e a água das minhas esperanças, em proporções adequadas,
produziram material suficientemente forte para manter aquele castelo firme.
Eu não prestei
atenção nesse detalhe. Não observei as benditas proporções.
E agora estou aqui. Tentei
utilizar uma técnica menos violenta de início: deixar esse castelo se
deteriorar, se desgastar com o tempo e com a indiferença. Afinal, ela corrói não é mesmo?
Mas não foi
suficiente, mesmo tendo destruído algumas partes dele.
Quando percebi que
não podia mais desfrutar e nem suportar esse castelo abandonado e frio, resolvi
juntar raiva, toda raiva que pude , concentrar em marretadas, mas também não
resolveu.
Está disforme sim, mas esta lá, no espaço que não deveria ser ocupado com " distrações".
A questão agora é que decidi demoli-lo. Não domino as técnicas para isso, mas uma coisa eu sei: ainda que a mistura de materiais tenha o fortalecido, não deixa de ser, essencialmente um castelo de ilusão.
Precisaria de mais pedras para ser indestrutível...e já que não é, não está construído no lugar certo.