Queria não sentir tanto.
Tanta saudade, tanta vontade.
Tanta coisa misturada , que as vezes entala na garganta...
E num ímpeto de sobrevivência,
enquanto o ar retoma seu ritmo,
elas escorrem pelos olhos,
saem em risos abafados ou em gestos descoordenados.
Queria conseguir nomeá-las.
Essa clareza me ajudaria a saber onde guarda-las, ou
onde jogá-las.
Queria saber de onde vem essa sensação de que sempre está
faltando alguém.
Não, não é algo. É alguém. Indefinido assim mesmo.
Uma sensação de que “ se fulano ou sicrano estivesse aqui,
poderíamos rir, e conversar...e como diria o OTM, “ iria embora na conversa,
nossa pressa de ficar”.
Mas existe o medo também.
De descobrir que " alguém" não resolve...ou que não é bem "esse alguém. "
Assim eu deixo assim mesmo : saudade, boas lembranças e expectativas alimentando a ilusão de
que seria como eu gostaria.
Não é tão difícil : provavelmente estaríamos rindo...e as conversas seriam leves e
só fariam bem....
E mesmo que as lágrimas aparecessem novamente, também fariam bem.
Nas imagens, músicas, livros e sonhos que guardo ou procuro , há a marca do “ não
é bom que o homem esteja só”.
E é pra esses lugares
q eu vou, quando simplesmente não quero ver a solidão das coisas...ou a minha.
Não quero mais conversas superficiais. Chega de " tudo bem" automáticos, e " saudade" instantâneos.
A falta é também de compartilhar desde os risos mais bobos, ao café e as conversas mais sérias,
sabe?
É ouvir outros lados, outras histórias, outros dramas , outras memórias.
Peço licença pra fazer minhas as palavras do OTM mais uma vez: o problema é que "sobra tanta falta".