sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Palavra é...

Palavra é forma, expressão
É ambígua e exata,
é caminho e construção


É dúvida, possibilidade,
dificuldade, desconstrução.
É recomeço, novidade
palavra é poder, criação

Palavra é  substância, beleza.
Palavra é peso, e leveza.


Palavra é semente

é sol, chuva e vento.
É planta, flor, fruto
é completa e complemento





Palavra é espaço

é o universo.

É vida, é morte
é esse ser controverso


Palavra  é liberdade
palavra é movimento.
Palavra é eternidade
não se limita no tempo


A palavra é tudo ,
devidamente acompanhada
quando todo o resto é mudo

ela se transforma em nada.

O que é a palavra pra você?


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Voltar no tempo...

   “ O que você faria se pudesse voltar no tempo e reviver algum momento?”
  Já vi essa pergunta antes. Não foi naquela conversa descontraída? Ou naquela outra, totalmente nostálgica sobre lembranças de infância? Ah, acho que foi naquele filme que eu amo, e perdi a conta de quantas vezes assisti:. Questão de Tempo - trailler
 Naquele episódio de uma série, numa música. É, já vi essa pergunta, em todos esses lugares.
 Embora eu não tenha mudado a resposta, acabei pensando mais sobre minha relação com o tempo que nunca foi muito boa, e no que me faz não mudar de ideia todas as vezes que a respondo.
 Pra começar, não sei nem o que é o tempo exatamente. Deixo essa definição pros interessados. O que eu sei é que ele existe, e me parece valioso, incontrolável, contraditório.
Dizem por aí que o tempo cura qualquer coisa. Que resolve, que esclarece.
Dizem que se pudéssemos voltar no tempo, muita coisa poderia ser resolvida ou evitada.
Dizem que se soubéssemos quanto tempo ainda temos de vida, ou as pessoas que nos cercam,  valorizaríamos mais cada momento.
Dizem que se tivéssemos mais tempo, poderíamos ser ou fazer o que realmente gostaríamos.
Dizem, dizem, dizem.
 É mais fácil culpá-lo ou responsabilizá-lo por tudo. Ele que aparentemente nos limita, intimida e absolve diariamente.
  Mas tenho que falar que não concordo muito com isso. Não que eu tenha a melhor relação do mundo com ele. Não tenho. Nunca tive. Vivo tentando me acertar mais ou menos, pra convivermos em paz, já que somos obrigados.
 Apressada desde que me lembro ,“ não esperei nem pra nascer”- digo entre risadas.  Aquele eufemismo básico pra dizer que não sou eu quem sou impaciente. O tempo que se arrasta e não colabora com todos os meus planos.
  Mas quando preciso resolver algumas coisas, principalmente escolhas, ele se mostra tão curto, tão arredio! Parece escorrer entre os meus dedos, enquanto eu peço : calma, preciso de você pra decidir! E ele continua, parecendo escapar como o vento.
 “ A vida é tão curta como o dia é longo” diz aquela música Here's to you- Brooke Fraser, e é por aí mesmo.
 Não, não temos uma boa relação. Sem falar na minha perspectiva sonhadora, de quem tá quase sempre com os olhos e os pensamentos no tempo que ainda não chegou.
 O presente sempre foi uma dificuldade tremenda. Ansiedade vive me roubando a possibilidade dele se tornar uma boa lembrança. O que poderia ser um “ futuro passado bonito”, se torna um passado sem muita conexão com o futuro. Algo meio solto. 
 Não é fácil lidar com o tempo. 
 Ele desafia:  sempre podemos desistir ou continuar, mudar ou permanecer. 
  Ele confronta:  cada vez que temos que esperar. É desconfortável, mas nos faz ver o que realmente queremos, o que realmente vale a pena pra nós.
 Ele revela o valor que damos as pessoas e as coisas, pois investir tempo em algo ou alguém, é investir algo precioso que nunca mais teremos de volta. 
 Tirando a ansiedade e toda carga que colocam em cima dele, as vezes consigo perceber que “ estamos juntos nessa”.
E aí a resposta que eu dei praquela pergunta se torna óbvia.

Não voltaria. Nenhum momento sequer”.
“ Nenhum? Nada que você tenha saudade, ou que tenha se arrependido?" 
 Mas não foi isso que eu respondi. Quem me conhece sabe. Sou formada de sonhos e saudades. Sinto-as plenamente, exageradamente as vezes. Mas nem por isso voltaria se pudesse.
 Talvez, mas apenas se pudesse ser como sou hoje. E isso mudaria tudo.
 Arrependimentos? Claro. Mas pra que voltar e desfazer os erros, ou algumas dores que parecem desnecessárias, se elas fazem parte da minha história
Seria como arrancar uma página de um livro, porque não gostei. Estúpido. Daí eu me dei conta que isso pode soar meio orgulhoso, mas no fundo não é. 
Eu odeio errar, odeio lidar com minhas falhas. Mas é lidando com elas que aprendo. Detesto sentir dor. Mas é com elas que me fortaleço. Tem momentos que a gente passa e não deseja nunca mais viver nada parecido, nem deseja pra ninguém? Tem. Mas sobrevivemos, e isso é incrível. Eles nos dão condições e perspectivas para enfrentar outras coisas, que não teríamos de outra forma.
 Então não, não " corrigiria" absolutamente nada.
 É pra frente que se anda, como dizem aqui em casa. É pra lá que eu to indo rs.
Posso ficar tentando reviver e recriar momentos bons, mas eles nunca mais serão os mesmos. “ Nada acontece duas vezes da mesma maneira”- Aslam diz, nas Crônicas de Nárnia.
 Posso continuar com fé que existirão outros. Esperança ta aí pra isso.
Percebi que pra chegar a essa resposta com convicção, não sou mais aquela menina medrosa que chorava por tudo e tinha pavor de fazer qualquer tipo de escolha, que sempre achava que o pior aconteceria.
 Continuo chorando bastante rsrs, e não curto muito ser obrigada a escolher ainda.
  Mas percebi que é preciso coragem pra assumir o que sinto, acredito ou quero. E que é preciso responsabilidade pra assumir minhas escolhas. 
Que é preciso força pra ter fé e confiar em Deus, e pra acreditar que seja lá o que acontecer, sempre vai ser o melhor. E que por mais que Ele direcione, mostre, conduza, sustente, as escolhas sempre caberão a mim.
  São esses sentimentos, crenças e vontades que assumi ( e que deixei de assumir também) que resultaram nas escolhas, ou na falta delas, que me transformaram e trouxeram até aqui.
  Me apressar não vai me fazer ir mais longe. Até porque a questão não é bem de espaço.
 Minha briga não é com o tempo. É com o que me rouba ele, e tenta me dar um controle sobre o que eu não tenho. Ansiedade, medo por exemplo.
  Não, eu não voltaria nenhum dia se pudesse. Pra que ter controle sobre o passado, se mal sei lidar com o mínimo controle que tenho do futuro?


 Não sei o que acontecerá amanhã ou daqui 10 anos. Mas certamente as escolhas que faço hoje, estarão lá pra me mostrar que o tempo todo, o que eu faço no e com o tempo que recebo, está sim em minhas mãos.