segunda-feira, 27 de junho de 2016

Deixei esse texto pra depois...

Eu deixei esse texto pra depois.
Isso porque nunca imaginei que tudo poderia mudar tão rápido,e tão drasticamente. 
 Particularmente, isso me lembra alguns momentos que compartilhamos, de mudanças assim,do nada. 
 É, eu deveria ter considerado essa possibilidade.
 Mas agora já foi. E honestamente, não to escrevendo pra “ nunca mais esquecer” ou “ esclarecer” as coisas. Acho que to escrevendo por costume. Por teimosia também, porque já queria ter escrito isso bem antes.
  Eu já tinha o começo desse texto planejado, as palavras escolhidas. O desenvolvimento da história não anula isso, verdade. Mas perdeu a graça, a beleza. Até posso descrever imagens bonitas com riqueza de detalhes, que hoje fazem parte das minhas lembranças. Mas elas parecem meio soltas hoje, num lugar e num tempo que não posso mais alcançar com a mesma empolgação que existia quando eu resolvi deixar esse texto pra depois.
  O que eu poderia escrever hoje? Teria que conjugar muitos verbos no passado, pra começar. E isso eu ainda não to disposta, sinceramente. Ainda me soa incoerente, já que não existe ainda um final. Se eu pudesse escolher um tempo verbal pra conseguir escrever, seria o “ Present Perfect”, que por uma das definições é algo que começou no passado, mas ainda é verdade no presente.
  Posso falar de sentimentos e impressões, isso eu posso. Mas quase tudo tem a marca do “ foi” : 
 Foi um tempo incrível. De descobertas. De sentimentos exagerados. De risadas à toa e constantes. De saudades doídas. De conversas leves, e de assuntos tão diversos! 
  De experiências totalmente novas. De quebrar minhas próprias regras ( várias delas). De aprender a lidar com silêncios. Meus, seus. De esperar. De não deixar meus sentimentos me enlouquecerem nessa espera. Mas de permanecer firme, na certeza de que precisava saber quais eram suas escolhas, antes de confirmar as minhas.
 Não posso muito falar do hoje .Hoje tem uma página em branco, como se fosse uma pausa. Verdade que pausas fazem parte da construção dos textos. O que seria de mim sem as vírgulas?  Ou os parágrafos, as reticências...
   Mas essa pausa criou uma distância muito grande entre o início e os próximos parágrafos.  Seja ele final, ou não, a desconexão já está estabelecida.
  Eu sei que silêncio também fala. Embora pra mim, na maioria das vezes seja muito desagradável, dá pra entendê-lo.
  Porém percebe o incômodo que ele causa? O silêncio que grita “ o que está de fato acontecendo?” é conflitante.
   Mas nem por isso vou transformar esse texto em ficção, nem que essa seja uma boa solução pra manter uma estrutura lógica básica.Na verdade, nada nunca teve lógica nesse processo. E prefiro me manter coerente ao início, ao tipo de texto que escolhi. Um texto honesto, que relata  e reflete sobre experiências que fazem parte da vida.
   Eu poderia esperar até um pouco mais pra retomá-lo. Mas não quero mais fazer isso. Porque o tempo muda as impressões, as sensações. E eu gosto de registrar essas coisas. Não, ele não muda o que passou. O que senti e vivi me pertence. Me transformou, me deu outra perspectiva. Como tudo na vida.
 Mas muda meu olhar sobre. E isso eu não quero mais, porque fica muito difícil manter as coisas numa perspectiva boa, olhando pra trás quando hoje só existe um silêncio confuso, distância, desencontro.
   Eu continuei, claro. Sobre isso eu poderia falar também, porque afinal, a vida é muito incrível, e meu coração muito amplo, pra restringir tudo ao que me inspirou inicialmente nesse texto.
 Os sonhos continuam, meu coração continua sonhando, aberto. Continuo amando rir. Continuo correndo pra Deus com meus dramas. E sei que Ele tá me transformando, com os silêncios e tudo.  Aliás, sinto muito forte que as mudanças aconteceram mais em mim do que no cenário.
 Talvez seja por isso que não deveria ter deixado esse texto pra depois.