Eu queria um texto ágil.
Não, na verdade, profundo.
E rápido.
Visceral?
Que palavra é melhor?
Hmm...não parece com essas...
Parece que não consigo lembrar...ou escolher? Não sei ao
certo.
É tudo tão rápido!
A velocidade do pensamento nunca acompanhou a velocidade dos dedos ou da fala.
Sempre é muito mais rápida...sempre parece me atropelar e levar pra várias hipóteses, ruins na maioria das vezes.
E quando eu me dou conta já estou exausta, e quase sempre, arrasada.
‘ Desisto antes de tentar’, ‘ Morro antes do tiro’.
A culpa cai como uma
luva..não, uma luva se adequa. A culpa esmaga.
É um rolo compressor.
Porque no fim, é assim que o corpo responde: sem ar...o coração
apertado, a mente gritando pra tentar sair desse ritmo frenético de milhares de
pensamentos por segundo, todos ao mesmo tempo, todos aparentemente sem
solução...todos caindo como enxurrada.
Tanto que as vezes escorre.
Sai derrubando tudo pela frente. E parece que não vai parar..que
fonte é essa que só produz e não diminui essas lágrimas?
As vezes não escorre mas explode, se manifesta de algum jeito.
Não tem como ficar, não foi feito
pra ficar.
E não é poético. Não é bom. Não alivia o tanto que eu gostaria.
Porque cansa. Porque não dá pra saber muitas vezes o ‘ por quê’...fica tudo embaçado.
Afinal, foram tantos ‘ porquês’ ignorados, deixados pra ‘ depois’ que eles se misturam e viraram uma coisa só.
O 'depois', sempre é uma hora inesperada. É uma gota que cai ali, e pronto.
E a gente fica sem ‘entender’ muitas vezes. Porque parecia 'tudo bem'.
E quase ninguém entende.
Digo ‘ quase’ porque alguns sabem do que eu to falando. Não devem
ser poucos, é verdade.
Mas poucos admitem,
reconhecem, encaram de alguma forma.
Eu levei anos. Tantos,
que quando descobri o que era, fiquei : meu Deus, por quê não descobri isso
antes? Quanto sofrimento e desgaste eu poderia ter evitado!
Foi ‘ me ouvindo
falar’, que percebi o absurdo: pra quê evitar a dor?
Se a ‘ luta pela ‘não dor’ trava a vida?
Quanta vida travada em tanto tempo!
Quanto tempo parado, em tanta vida pulsando aqui dentro!
Eu chorei dolorosamente. E me arrependi.
De ter vivido tanto e tudo só na minha mente.
Vivi? Não sei. Sofri, cansei? Com certeza.
Me arrependi porque a
vida ‘ não é ciência exata’. Me arrependi porque a vida ‘ é uma engrenagem múltipla’, e
eu passei muitos anos vivendo como se só uma fosse suficiente.
Preguiça? Medo? Fuga
da dor? Tudo junto, provavelmente.
E o mais trágico é que não evitei dor alguma. Elas chegam, não
há planejamento e proteção no mundo que as evite plenamente.
Qualquer armadura é fumaça, ilusão, dissolve no primeiro vento contrário.
Hoje sei o nome. Aprendi que ‘ nomear as coisas faz com que elas existam’.
Eu amo as palavras. Elas dão nome. Elas fazem existir. E o
que existe , geralmente é matéria prima pra transformar.
Eu tenho TAG. Muita
gente tem, eu sei.
Não é o fim do mundo, não é algo a se envergonhar, mas
também não é justificativa e armadura pra comportamentos que não quero mais
ter.
Já quis procurar ‘
culpados’ – genética? Trauma de infância? não sei ...
Já quase caí na armadilha do ‘ e se eu soubesse’...
Mas isso é coisa dela. Não vale a pena.
O que vale é saber que ainda há vida , então ainda há
esperança.
Hoje eu sei que estamos nessa aventura que é viver, juntas.
Não é bem uma amiga, mas tá aqui, então vamos fazer o melhor que dá pra ser.
Sei que tem dias que
ela vai aparecer com mais força. E outros que não vou nem lembrar como era viver
com 84.000 preocupações na mente, todas ao mesmo tempo.
Hoje eu sei que a
vida é ‘engrenagem múltipla’.
Eu via como ‘ uma coisa só’, meio uniforme, mas não é.
Uma coisa afeta o
todo? Sem dúvidas
Mas cuidar só de uma coisa não é suficiente para resolver
todas as outras.
Dá trabalho. Exige coragem. De tentar. Enfrentar. Errar.
Sempre tive dificuldade de lidar com essas coisas. O peso da
ansiedade parece deixar tudo, absolutamente tudo , maior.
O mundo acaba toda vez que algo dá errado.
Quantas vezes meu
mundo já acabou , e recomeçou? Milhares.
Ainda colho frutos de
ter ignorado as outras partes.
Cura porque o ‘ fardo ‘ Dele , é leve. Porque como disse meu pastor domingo, "situações difíceis nos fazem crescer."
E Ele é um bom Pai, que
quer me ver crescer.
Que não vai fazer o que eu preciso fazer.
Mas que está aqui,
ajudando, conduzindo, deixando eu errar também, pra aprender.
Mostrando que nunca foi
falta de fé, e que pra Ele, tudo, tudo mesmo, pode ser redimido e transformado.
Vai saber o que ainda pode ser ?
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