quinta-feira, 7 de março de 2024

I miss me

 I miss me.

A licença poética que tente explicar a frase que aparece meio nublada ainda na mente, em alguns lapsos de distração.

 Não estou dizendo que queria voltar no tempo, reviver alguma outra época.

Sinto falta de mim.

Ainda que eu tenha essa sensação tão forte de que  estou sendo mais eu do que jamais fui, a distância de algumas coisas me faz sentir essa falta.

  Sinto falta daqui, desse lugar de compartilhar sem medo de errar, sem pensar pra falar, ou pensando demais antes de falar.

Sinto falta da poesia. Dos sons, das rimas, das cores, dos contrastes , das imagens tão fortes, as vezes nítidas, as vezes embaçadas que se formam e ficam guardadas num canto especial da alma.

Eu até queria, mas não tem rima aqui. Não tem metáfora. 

Não tem crônica, não tem figuras de linguagem.

 Mas tem palavras (ainda bem). 

Não são soltas. Nem cruas. Muito menos vazias.

Mas você percebe a falta?

Ela está aqui. E ainda que discreta, me incomoda, honestamente.

 Verdade é que antes, não sabia muita coisa sobre mim, sobre o tempo, as palavras, a vida em geral.

 E hoje sei menos ainda, sem dúvidas.

Quanto mais a gente vive, mais descobre que menos sabe...mais percebe também  que aprender é o caminho, não um fim.

 E não estou falando de idade. To falando de vida. De experiências diversas, confrontos , surpresas, erros e acertos, retornos, mudanças, esse misto de cotidiano e inesperados que compõe nossos dias e  acabam nos formando, no fim das contas.

 Tá vendo? Sinto falta disso aqui...de ir escrevendo, escrevendo, escrevendo ( ou digitando) e ir percebendo que as coisas vão clareando ou desvanecendo conforme vou colocando aqui.

 Ler quase sempre virou trabalho, escrever também. 

E trabalho não é ruim, pelo contrário, dignifica e transforma eu e o mundo. Mas trabalho já foi peso, o que eu achava que era vocação já virou burnout, e me fez  perder a vontade de viver, me fez viver um inverno absolutamente desolador, que eu honestamente espero não passar mais.

Desse limite, eu corro, com força.

Se me ver correr, não estranhe. Pode  parecer que é do nada. Mas é porque não sabia meus limites. Ao menor sinal deles, eu vou correr sim.

 Acho que to bem perto deles. E quanto mais perto deles, mais longe de mim eu me vejo.

Não do eu que acho que sou, ou que tento ser : 

O eu cheio de horários marcados pra praticamente tudo, pq a ansiedade me fez aprender a minimamente aceitar a rotina como algo bom.

 Não o eu que faz listas e mais listas e vai apagando as coisas conforme consegue realizar ( ao invés de marcar e ver tudo que conseguiu fazer...ai ai)

Não o eu que foge pra rede social, pra distrair e pra pertencer de alguma forma bem boba e ilusória tbm.

 Não o eu que tenta corrigir, adequar, servir, administrar tudo com o máximo de intencionalidade e temor , e claramente não consegue.

 Mas o eu que disse querer andar de bicicleta na praia ( eu nunca fiz isso, mas é a imagem que eu tinha).

 O eu que toma café sem pressa, ou acorda sem o despertador e uma agenda toda cronometrada.

O eu que dá risada e chora quando quer, que interage quando quer, sem se preocupar com seja lá quem for, ou o que for pensar.

 Sabe? O eu espontâneo.

Não infantil, ou bobo.

O eu mais livre.

Essa intencionalidade toda em tudo , me cansa.

 Tanto que ela praticamente não existe aqui.

É, eu sinto falta de mim.

 - mas aqui, geralmente acabo me encontrando. 

 



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