segunda-feira, 18 de abril de 2016

Pausa

 Então percebi que não poderia mais adiar. 
 A pausa não era mais um luxo, 
 ou algo a se pensar.  
 "Quem sabe um dia"- digo,
 tentando disfarçar
 Espero caminhando, caminho lutando
 faço de tudo pra não precisar.
 É assim que dá tudo errado
 Não resta muito pra um ser cansado,
 a não ser parar.

 Pausar.
 Assim mesmo.
 Pra recobrar o ar.
 Pra voltar a enxergar, sem a vista  embaçar.
 Pra o ritmo acelerado, normalizar.
 Se tudo fosse assim, concreto, prático,  bastaria sentar.
 Respirar fundo, talvez até deitar.
 Poderia ser o caso de apenas sair
 Pra um lugar calmo, sem mil estímulos para  ver e ouvir.

 Mas não basta.

  A pausa pode até vir de fora pra dentro.
 Mas um movimento assim, forçado, brusco,
 vai só desperdiçar tempo.
 Você pode estar em qualquer lugar, pilhado.
 Pensando milhares de coisas, enquanto finge estar deslumbrado.
 Mas na sua frente, tudo que vê são seus próprios pensamentos, amontoados. 
  Escuta seus barulhos, e seus gritos guardados. 
  Pensa no futuro, olhando pro passado.
  Percebe? Não há pausa alguma. Seu corpo apenas mudou de lugar.

  Não, eu não quero mais fingir que estou sem estar.
  Encarei a pausa, com coragem pra mudar.
  Cansei dessa vida de pressa, que na verdade, não me ajuda em nada a sair do lugar.
  Fechei os olhos, até todas as lembranças e projeções estarem onde deveriam estar.

 Abri os ouvidos. 
 Percebi outros sons, que consolam minha necessidade constante de se expressar.
 Você consegue ouvir, o som da força no mar? Ou da garra de alguém que ri quando quer chorar?
Já ouviu o som de uma criança gargalhar? Ou o som da esperança, quando do nada, tudo muda e a chuva começa a te molhar?

 Parei e percebi que está tudo em seu devido lugar.
 Só então que pude olhar, e ver que há beleza menos se pode esperar. 
Que há esperança, quando pra Ele eu consigo me entregar.
Que há paz e renovo, quando Nele posso descansar.

 E que não há nada de errado em pausar. Principalmente, se for o único jeito de continuar.

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