domingo, 16 de agosto de 2015

Ser


   Entrou numa maratona de tarefas mais uma vez. Começou animada, focada, determinada. 
  Mas num determinado momento, em que o ritmo começou a diminuir,
 mil perguntas: 

 " Por que eu to fazendo isso mesmo? Por que eu não fiz aquilo? Por que a rotina parece estar me engolindo mais uma vez? Por que depois de dias tão cheios da alegria e da presença de Deus, eu sinto uma angústia enorme, e uma vontade quase sufocante de chorar? Eu não tava bem ontem? Ou há uma hora atrás?
  O que afinal esta acontecendo? Pra onde eu to indo mesmo? Será que não to perdendo tempo ? De novo? Por que dessa vez? Por que ainda não aprendi as lições que vão me tirar daqui e levar logo pra onde eu sei que tenho que ir?

     Ir. Fazer. Viver. 

    Os verbos meio que se entrelaçam na mente. Mas falta o SER. E ele que é fundamental, e tem que vir antes dos demais: SER.
 E quando percebe isso, mais perguntas: 

  " Tá, mas quem tenho sido no meio dessas coisas todas?
Quem sou eu quando não estou indo, fazendo, ou vivendo um “ papel social”?  Quem sou eu se como uma peça de jogo de tabuleiro, me tirarem do meu convívio, e olharem pra mim sem contexto, circunstância, máscaras, nada? 
  Sem antecessores, família, sem sobrenome? Sem amigos, pessoas que afirmem ou digam qq coisa? Sem atividades, sem profissão, escolarização, sem avaliação?
 Sem estereótipos, comparações? Sem uma linha cronológica, ou árvore genealógica?
O que resta nessa “ peça” do Universo para ser dito? Nessa porção de pó,  que Deus soprou vida e passou a SER? O que ou quem eu sou, longe de todas as coisas que aparentemente me definem, me limitam, me forçam ao extremo, me rodeiam, e me transformam?

   Perguntas. Mil perguntas. Uma busca mais profunda, que não se contenta com qualquer resposta.
  Num nível mais racional ela sabe algumas respostas. As certas. Mas não as que sente, logo, não há convicção ( mente e coração em harmonia).
  As vezes surgem respostas. Ela sabe que essa questão de auto conhecimento pode se tornar um buraco-negro, uma fuga tanto quanto o excesso de atividades. Mas precisa arriscar. Pode ser que dê certo.
  Ela sabe quem é pra Deus. E isso  traz luz pra ver o que simplesmente não posso ver por si mesma.  Mas precisa saber quem é pra si mesma,  depois de tantas lições e oportunidades para transformar o borrão disforme que  via, em algo mais próximo da realidade de Deus, que é a que importa de fato.
  É um momento pra olhar e ver no que que deu até aqui. Dá medo, claro. E se ela olhar e descobri que só mudou as máscaras? Que não deixou a verdade de Deus moldar sua percepção em cada situação?
  Vai ser duro pra caramba. Mas necessário. É preciso continuar.  
  Tem muito pela frente. Antes de entrar numa maratona de novo, é um tempo pra tomar uma água.
  Lavar o rosto, lembrar do por quê está correndo. Secar o suor. Respirar mais fundo. Deixa o ar entrar e receber fôlego pra continuar.
     Não, não precisa de um espelhinho. Precisa de coragem só. Pra olhar de fato, mesmo que seja numa poça d’água.
  Olhar e ver. Olhar e aceitar também. Olhar e entender o que precisa mudar.
  Algumas coisas pesam também, e tornam alguns momentos mais pesados. Então é natural ela cansar. 
  E querer parar, ou tentar  de todo jeito correr no ritmo dos outros. Mas nunca dá certo.
  É hora de tentar relembrar as respostas.Ou descobrir. 
  Mas mais do que qualquer coisa, ser.

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