domingo, 7 de junho de 2015

Escrevo porque vivo...



  Às vezes percebo um vislumbre de algo importante enquanto estou tomando chá. Aquele momento quase sempre introspectivo, em que sinto o calor da bebida me abraçar por dentro, sabe?
 Sempre assim quando tomo chá. Como um abraço, daqueles que acolhem as confusões, animações, todos os meus sentimentos sempre tão intensos.
  Outras vezes, surge em conversas completamente informais. Despretensiosamente. Num momento de euforia, ou de desabafo, ou naquelas conversas que mais parecem terapia.
  Ahh ! Muitas vezes vem de cenas de filmes. De séries, Livros! Principalmente livros ! Frases. Capítulos. Personagens. Músicas também, mas aparentemente ocorre com menos frequência.
 Às vezes é um processo demorado: idéias que ficam semanas na mente, no olhar, na alma...que precisam encontrar outro lugar antes de me consumir.
  Outras vezes é algo mais espontâneo e repentino : parece fluir tranquilamente de algum lugar de mim mesma pra cá.
  Pra quem considera a lei da ação e reação uma verdade universal, talvez seja mais fácil olhar dessa forma:  Eu vivo - ação- e escrevo - reação. 
  Sinto, ouço, penso, vejo, leio, experimento, imagino, duvido, reflito, padeço, acredito, toco, cheiro, observo, choro, rio, lembro, sonho, grito, silencio, digo  e  não dá outra : escrevo.
  Difícil explicar isso. Geralmente não consigo conter essas experiências e sensações, ou simplesmente não quero mais contê-las.
 Às vezes escrever é o momento de partida de idéias, experiências e sentimentos. 
 Se acomodam nas letras pra virar capítulo do passado. Amém.
 Outras  vezes faço das letras um memorial de outras  idéias, experiências e sentimentos. Basta olhar o título, e tudo revive ! 
  Relê-las se torna uma celebração, um momento de honrá-las na vida, na história e na memória.
  De uns tempos pra cá, percebi que uma das coisas que eu mais gosto ao ler um texto é me identificar com os sentimentos, pensamentos ou impressões de quem escreveu.
 Não a identificação com os fatos, ou com a história em si. Mas com o que geralmente seria invisível se não fosse escrito, e que na minha concepção é  essencial. 
  Gosto de me identificar. Com pessoas, histórias, idéias e textos. 
 Encontrar às vezes consolo, às vezes confronto. As vezes alegria, as vezes tristezas.  Às vezes certeza, às vezes duvidas. Muitas vezes fins, outras tantas esperanças.
  E isso me motivou a continuar escrevendo. Porque sei que embora ninguém seja igual a ninguém, alguém pode, de alguma forma quase surreal, se identificar com alguma linha que eu tenha escrito.
  Mesmo que seja pra discordar, ou rir. Que seja para duvidar, ou descobrir. Para se encontrar ou deixar algo partir.
 Fato é que essas palavras podem me conectar de uma forma única com pessoas que talvez eu nunca desconfie que leram, ou que eu nunca conheça.
  Um professor que admiro muito, uma vez disse que  as coisas podem ser comunicadas de alma pra alma. E acho que no fim, é isso que eu quero.
  Mais do que desabafar, ou compartilhar idéias. Quero falar de alma pra alma, sabendo que ela é exatamente a única coisa que continua eternamente. 
  Quero encorajar outras pessoas a fazer o mesmo. Você que leu até aqui, por exemplo. 
 Seja escrevendo, pintando, dançando, fotografando, tocando, cantando, não importa a forma. 
  Essa conversa que se desenrola da sua alma para outras é uma das coisas mais esclarecedoras e libertadoras que existe.
  Precisa de coragem, acima de tudo. Pra se enfrentar e se encontrar. Pra descobrir e revelar. Pra ser você,com todas as fraquezas e riquezas que sua existência contém.
 C. S Lewis diz que ler nos permite ver com outros olhos. Permita que outros vejam com seus olhos
  . Não duvido que nesse mundo imensamente grande e estranhamente minúsculo, alguém pode precisar se identificar com você.



Nenhum comentário:

Postar um comentário